Em 1992, durante a campanha que elegeria Bill Clinton como presidente dos EUA, James Carville, estratega político, saíu-se com uma das frases mais famosas das últimas décadas: “É a economia, estúpido!” Carville não queria ofender ninguém, antes passar, com eficácia, a mensagem de que a economia era um dos temas centrais que poderiam resolver as eleições. Como todas as expressões que ficam na cabeça, esta continuou a ser usada em vários contextos e com algumas mudanças, sendo a “é a cultura, estúpido” a mais usada desde então, para sublinhar a importância do impacto da cultura no mundo ocidental

Mas, há uma declinação de que gosto mais: “É a cultura de inovação, estúpido”. Além de manifestações culturais literais como a literatura ou pintura, a cultura define também a orientação de uma organização. E a inovação nasce mais facilmente nas empresas que estejam predispostas a recebê-la e a ajudá-la a crescer.

Produtos e processos inovadores vêm de empresas com cultura de inovação e não de um departamento de inovação. Não se compartimenta a inovação numa empresa sem cultura esperando que isso funcione. Numa empresa com cultura de inovação, ou seja, que motive todos a ter ideias e a aprender, sem medo do erro, a inovação surge com maior facilidade. E para se instaurar uma verdadeira cultura de inovação nas empresas, há coisas que são fundamentais:

Choques multidisciplinares: A inovação surge da interação entre diferentes universos e expertises, que cruzam conhecimentos já dominados em ambas as áreas e criam um novo domínio. Como o clássico caso do Cirque du Soleil, que uniu o teatro e o circo, criando uma categoria totalmente nova de espetáculo.

Ambientes de erro seguros: Quando se fala em “liberdade para errar”, pensamos logo em perfis criativos de agências de publicidade e startups de tecnologia. Mas grandes empresas de engenharia e da área médica podem também ser muito inovadoras, apesar das consequências potencialmente catastróficas de um erro severo. Devemos entender, no entanto, que em qualquer empresa é possível criar redes de segurança que permitam o erro – e incentivem a experimentação. Uma das melhores formas de se construir isso é implementando, em todos os processos, ciclos rápidos de análise e aperfeiçoamento. Quanto mais rápidos os ciclos, mais liberdade se tem para errar, pois os ajustes de rota serão também rápidos. E, portanto, o dano de qualquer erro será limitado.

Centrada no Humano: A procura pela inovação passa sempre por uma postura focada em problem solving. Tal significa que, em vez de se preocupar com a adequação a processos estabelecidos, o inovador preocupa-se em resolver um problema de outras pessoas. Mesmo produtos para o mercado BtoB, em última instância, resolvem os problemas de um indivíduo que está dentro da corporação, exercendo um determinado papel. Uma construção com propósito de responder a problemas reais de pessoas reais, tendo o ser humano como máxima prioridade. Este é o poder revolucionário da inovação.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Receba um alerta sempre que Paulo Renato Oliveira publique um novo artigo.

QOSHE - É a cultura de inovação, estúpido! - Paulo Renato Oliveira
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

É a cultura de inovação, estúpido!

13 1
24.04.2024

Em 1992, durante a campanha que elegeria Bill Clinton como presidente dos EUA, James Carville, estratega político, saíu-se com uma das frases mais famosas das últimas décadas: “É a economia, estúpido!” Carville não queria ofender ninguém, antes passar, com eficácia, a mensagem de que a economia era um dos temas centrais que poderiam resolver as eleições. Como todas as expressões que ficam na cabeça, esta continuou a ser usada em vários contextos e com algumas mudanças, sendo a “é a cultura, estúpido” a mais usada desde então, para sublinhar a importância do impacto da cultura no mundo ocidental

Mas, há uma declinação de que gosto mais: “É a cultura de inovação, estúpido”. Além de manifestações culturais literais como a literatura ou pintura, a cultura define........

© Observador


Get it on Google Play