Dizem-nos agora que afinal não se passou nada. Que o primeiro-ministro se demitiu, e o presidente da república dissolveu a Assembleia da República por razão nenhuma. Que se tivessem esperado uns dias, governo e maioria teriam saído incólumes e nos teríamos poupado a eleições antecipadas. Desculpem, mas esperam mesmo que nós acreditemos nisto?
Comecemos por aqui: o primeiro-ministro e o presidente da república podem ter muitos defeitos, mas a inexperiência não é certamente um deles. Acham que António Costa se teria demitido sabendo que, apesar das suspeitas do Ministério Público, nada de sério se passava com os seus colaboradores e amigos? É óbvio que o primeiro-ministro e o presidente da república tiveram razões para recear um grande escândalo, e só o puderam recear porque sabem como os socialistas mandam no país, e têm consciência das irregularidades, abusos e aproveitamentos pessoais que decorrem desse mando.
O juiz de instrução não concordou com todos os indícios apresentados pelo Ministério Público? Pois não, mas também não absolveu os arguidos. Vamos agora fingir que o crime de tráfico de influências já não é crime? Acham que basta chamar-lhe lobbying? Tenham então a coragem de legalizar o favoritismo e a obtenção de vantagens na governação. Declarem que em Portugal só pode investir e trabalhar quem tiver meios para contratar os amigos do primeiro-ministro, e conseguir os telefones e as simpatias dos ministros. Assumam que o Estado e o país são só para os socialistas e os seus amigos, e que todos os outros portugueses estão a mais. Determinem que só há lei para quem não tem cartão de militante socialista.
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