Há dias, o país foi convidado a comparar o encerramento do congresso do PS e a cerimónia de lançamento da nova AD. Deixemos de lado a coreografia e o profissionalismo, embora não sejam irrelevantes. Tratemos apenas do que foi dito. Os oradores da nova AD, apesar de discursos desnecessariamente caóticos, descreveram bem o estado do país. 28 anos de poder socialista puseram Portugal a divergir dos países da coesão na UE. A Polónia ou a Roménia provaram que o mercado europeu pode ser uma via de crescimento económico. O estatismo e a canga fiscal do PS impediram os portugueses de agarrar a oportunidade. Daí, o resto: a emigração de jovens diplomados ou o colapso dos serviços públicos.

Os oradores da AD disseram tudo isso, e por vezes bem. Não tiraram, porém, as devidas conclusões. Quem as tirou foi o poder socialista, que pôs o seu novo líder a ler um discurso onde, em vez de defender o passado, fugiu para o futuro. O PS, ao contrário da nova AD, percebeu esta coisa: o país sente o impasse em que está, e quer outra coisa. Está pronto para ser desafiado. Não se vai deixar tolher por velhos receios e preconceitos.

Dir-me-ão: a nova AD ainda tem de apresentar o seu programa, nessa altura também dará conta da sua visão do futuro. Sim, claro, mas ninguém tem uma segunda oportunidade de causar uma boa primeira impressão. O pior, no entanto, nem é isso: é o que está por detrás. Os dirigentes da nova AD parecem convencidos de que o país deseja apenas um PS mais competente, e que eles só poderão vencer as eleições se provarem ser esse PS: as ideias com que até agora tentaram entusiasmar os portugueses resumiram-se, assim, a uma promessa de aumentar pensões.

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O que o PS já percebeu, e a nova AD ainda não

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12.01.2024

Há dias, o país foi convidado a comparar o encerramento do congresso do PS e a cerimónia de lançamento da nova AD. Deixemos de lado a coreografia e o profissionalismo, embora não sejam irrelevantes. Tratemos apenas do que foi dito. Os oradores da nova AD, apesar de discursos desnecessariamente caóticos, descreveram bem o estado do país. 28 anos de poder socialista puseram Portugal a divergir dos países da coesão na UE. A Polónia ou a Roménia provaram que o mercado europeu pode ser uma via de crescimento........

© Observador


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