“Olhos de Água”! Era isso. Andava há semanas a tentar lembrar-me qual tinha sido a maior novela em torno de gémeas, antes desta da cunha do Presidente da República, e finalmente lembrei-me. “Olhos de Água”, cantava estridentemente o Toy no genérico da novela. Passaram mais de vinte anos e ainda hoje, só de invocar o tema, fico, qual Bonga, com uma lágrima no canto do olho. Não pela beleza da interpretação, como podiam ser levados a crer, mas por constatar quão repleto de informação inútil está o meu cérebro. Quando devia estar a poupar espaço para dados fundamentais em tantas tertúlias, como seja saber as temporadas em que King e Paredão pontificaram no SLB.

Voltando à cunha de Marcelo Rebelo de Sousa no caso das gémeas luso-brasileiras, a ideia que me dá é que, a ser necessário, o Presidente da República atira até o próprio filho para baixo do autocarro. O que será, por si só, triste, mas tem ainda a agravante de, caso Nuno Rebelo de Sousa pretenda ser assistido no Hospital de Santa Maria, em princípio não poder contar com uma cunha do pai.

Do que pouca gente fala é do facto de, muito provavelmente, na génese desta, digamos, hipotética cunha, ter estado o facto de o medicamento de que as meninas gémeas precisavam custar quatro milhões de euros. Quatro milhões de euros custa o Zolgensma. Nem imagino quanto investimento em investigação científica está por trás da criação deste fármaco, mas posso garantir que o investimento em marketing foi zero. Zolgensma? Quer dizer, uma pessoa vai à farmácia, desembolsa quatro milhões de euros, e leva para casa uma embalagem de Zolgosma? Por quatro milhões de euros não se inventava um nome um bocadinho mais digno? Tipo Château Zolgen DOC, ou algo do género? E podia vir em xarope, numa garrafa bonita, já agora. Era o mínimo.

Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.

Siga-me no Facebook (@tiagodoresoproprio) e Instagram (@tiagodoresoproprio)

Receba um alerta sempre que Tiago Dores publique um novo artigo.

QOSHE - Alcochete: de “Jamais!” a “Aqui é que é”  - Tiago Dores
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Alcochete: de “Jamais!” a “Aqui é que é” 

4 7
06.12.2023

“Olhos de Água”! Era isso. Andava há semanas a tentar lembrar-me qual tinha sido a maior novela em torno de gémeas, antes desta da cunha do Presidente da República, e finalmente lembrei-me. “Olhos de Água”, cantava estridentemente o Toy no genérico da novela. Passaram mais de vinte anos e ainda hoje, só de invocar o tema, fico, qual Bonga, com uma lágrima no canto do olho. Não pela beleza da interpretação, como podiam ser levados a crer, mas por constatar quão repleto de informação inútil está o meu cérebro. Quando devia estar a poupar........

© Observador


Get it on Google Play