Cinquenta anos de 25 de abril, cinquenta anos de liberdade, estamos seguros ou existem riscos reais de um retorno da extrema-direita e mesmo de voltar a viver em ditadura?

Nos últimos meses assistimos ao que seria impensável no início do século, voltarmos a falar no papel da democracia, de como é bom ser livre, poder votar e mesmo termos poder de decisão no caminho do país. O que demos por adquirido começa a ser questionado.

Desengane-se quem achar que é uma moda, um manifesto de descontentamento, e que apenas se trata de uma tempestade passageira, em que podemos apenas assistir e tudo se irá resolver.

O resultado surpreendente nas últimas eleições legislativas uma coisa deixou clara, um milhão de portugueses votou no partido fascista, votou porque quer mudança abrupta sem se importar com as suas reais intenções ou mesmo saber as suas políticas, mas há também muitos que votaram porque concordam com a mão pesada e retorno a um líder que “ponha mão nisto tudo”.

Para quem ainda tinha dúvidas, um estudo recente (Nota 1) indica que 47% dos inquiridos apoiariam um “líder forte” que não tivesse de se “preocupar com o Parlamento, nem com as eleições”. Chama-se a isto ditadura.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De quem é a culpa? De toda a classe política.

Os que fizeram mal, os que fizeram pouco, os que roubaram, os que enganaram, os que criaram um Estado que não dá resposta e com serviços públicos degradados, os que levaram o país a um ponto em que não há esperança de uma vida melhor.

A falta de confiança na política vem de uma má gestão do país, com dois responsáveis óbvios, PS e PSD, os únicos que governaram o país nestas cinco décadas, que não têm resolvido os problemas, com políticas fracas, sem objetivos concretos e sem ambição. Uma governação sem rumo, sem visão, sem liderança.

A aproximação ao centro destes dois partidos fez desaparecer as alternativas à esquerda e à direita. É mais fácil perceber o que têm em comum do que aquilo que os distingue.

Mas se por um lado o PS ainda continua a mostrar políticas de esquerda, tirando à classe média para sustentar um Estado gordo e ineficiente, ditando onde se deve investir e quem deve ser privilegiado, sob o princípio de “o Estado é que sabe e os portugueses é que pagam”.

Por outro lado, ou melhor dizendo, do mesmo lado, mas tentando disfarçar, temos um PSD que defende as mesmas políticas mudando apenas ligeiramente alguns detalhes para lhe facilitar a propaganda. Algo que foi obvio na política fiscal e a absurda “redução de IRS”.

É possível ter uma democracia apenas com a esquerda e um centro não tão esquerdo? A resposta é obvia, não.

Para a democracia funcionar é necessário existirem alternativas ideológicas dos dois lados e construir-se o futuro sabendo que há sempre um outro lado da moeda. O problema é que quem está a assumir o papel de alternativa à direita é um partido que não defende a democracia.

Estamos então condenados ao fim da democracia?

Nem pensar, há um partido que ainda pode repor o equilíbrio, que pode e deve crescer e mostrar-se como a alternativa de direita, ser a própria direita, a solução fora do padrão, mas que quer, respeita, e defende arduamente a liberdade de cada um, esse partido existe e é a Iniciativa Liberal.

Um partido que defende o modelo que funciona nos países europeus, que funcionou nos países que nos têm ultrapassado economicamente, que tem políticas verdadeiramente de direita, que defende a igualdade de oportunidades e a liberdade para cada um crescer pelo seu mérito. Um partido que defende menos intervenção do Estado para que as pessoas possam viver melhor e com mais dinheiro, que não estejam constantemente a sofrer com as barreiras criadas por ideologias socialistas que a todos tira para fingir que dá.

É vital para a democracia ter um partido de direita que quer verdadeiramente reduzir o peso do Estado e promover a inovação e o empreendedorismo, criar um ambiente favorável ao crescimento económico e ter condições para apoiar quem mais precisa sem deixar ninguém para trás.

Se Portugal quer realmente uma mudança e viver em democracia, a solução é clara e simples, a oposição à esquerda tem de ser feita por um partido de direita cuja base seja defender a liberdade e a própria democracia.

Precisamos que a Iniciativa Liberal salve a democracia.

Nota 1: “estudo 50 anos de Democracia em Portugal: Aspirações e Práticas Democráticas – Continuidades de Mudanças Geracionais, produzido pelo ISCSP e divulgado pelo Público”.

Receba um alerta sempre que Tiago Romão publique um novo artigo.

QOSHE - Salvem a democracia salvando a direita - Tiago Romão
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Salvem a democracia salvando a direita

34 1
24.04.2024

Cinquenta anos de 25 de abril, cinquenta anos de liberdade, estamos seguros ou existem riscos reais de um retorno da extrema-direita e mesmo de voltar a viver em ditadura?

Nos últimos meses assistimos ao que seria impensável no início do século, voltarmos a falar no papel da democracia, de como é bom ser livre, poder votar e mesmo termos poder de decisão no caminho do país. O que demos por adquirido começa a ser questionado.

Desengane-se quem achar que é uma moda, um manifesto de descontentamento, e que apenas se trata de uma tempestade passageira, em que podemos apenas assistir e tudo se irá resolver.

O resultado surpreendente nas últimas eleições legislativas uma coisa deixou clara, um milhão de portugueses votou no partido fascista, votou porque quer mudança abrupta sem se importar com as suas reais intenções ou mesmo saber as suas políticas, mas há também muitos que votaram porque concordam com a mão pesada e retorno a um líder que “ponha mão nisto tudo”.

Para quem ainda tinha dúvidas, um estudo recente (Nota 1) indica que 47% dos inquiridos apoiariam um “líder forte” que não tivesse de se “preocupar com o Parlamento, nem........

© Observador


Get it on Google Play