O Partido Socialista, de Mário Soares a António Costa e de António Costa a Pedro Nuno Santos tem uma característica fundamental e basilar: a do humanismo transformador.

Quando Tito de Morais, Mário Soares e tantos outros socialistas formaram o Partido Socialista, da clandestinidade à luz das ruas cheias de apoiantes, tinham para si a convicção de que uma democracia parlamentar e uma economia capaz de proteger quem mais precisa, em que o pragmatismo do Estado não se esconderia na falta de ambição, transformariam Portugal num país mais justo, mais livre e mais igual para todos.

Desde aí, para o Partido Socialista, a luta não se faz nem nunca se fez contra as instituições. É nelas, consagradas pela Constituição da República Portuguesa, que se sustentam os pilares de um povo livre das amarras sentenciadoras da ditadura. A luta faz-se por uma democracia pluralista e por uma sociedade mais justa e livre. E é por isso, que hoje, como sempre, precisamos de um PS renovado, enérgico, inconformado e resistente.

Resistente às tentações de embarcar em narrativas, pouco úteis aos portugueses, de afrontamento à justiça e aos órgãos de soberania. Inconformado para entender que ao domínio da política tudo pertence – nada lhe falta nem nada se lhe exclui. Enérgico para encontrar novas soluções e novas caras que transformem uma vida política cinzenta e monótona. Renovado, bem renovado, para defender a atividade política e voltar a convocar a esperança e os sonhos de todos aqueles que já só encontram na revolta e na resignação um caminho para o futuro.

O Partido Socialista, casa dos sociais-democratas em Portugal, deve, portanto, manter-se fiel à sua declaração de princípios. O poder pelo poder não foi, nem deve ser, a razão da sua existência. É o poder pela transformação da vida de todos, das maiorias e das minorias, que deve inspirar os socialistas – mesmo que isso implique afrontar os interesses que sempre se instalam em volta dos partidos da governação.

Hoje, perante uma crise política e institucional, o socialismo democrático em Portugal precisa de coragem. Coragem para não sucumbir ao liberalismo que ameaça as bases do Estado Social. Coragem para voltar a trazer à política aqueles que querem um país melhor, em todas as áreas da sociedade. Coragem para não perder a oportunidade de transformar Portugal num país onde a sustentabilidade seja sinónimo de: bons empregos e bons salários; espaços públicos e verdes; educação e saúde de qualidade e tendencialmente gratuitas; habitação acessível e transportes de qualidade; competitividade empresarial e coesão territorial.

Estas causas, que para muitos são radicais, são – aos olhos dos socialistas e da maioria dos portugueses – bem moderadas. Consagram, em si, a expetativa razoável de uma vida melhor para as famílias, dos mais aos menos jovens.

É por isso, que nestes 50 anos de vida do Partido Socialista em Portugal, que a renovação vem, para mim, do radicalismo dos sonhos e da constante transformação da realidade. Saibamos, como bem disse o primeiro-ministro António Costa, responder aos problemas que destroem os sonhos dos portugueses e inspirar, como transmitiu Pedro Nuno no seu primeiro discurso enquanto candidato, um novo Partido, de A a P.

Precisamos de um Portugal inteiro. Inicial, inteiro e limpo, como diria Sophia de Mello Breyner, para resistir aos perigos que espreitam pelas mãos de quem quer destruir a luta de cinco décadas de um povo de progresso.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

QOSHE - O PS, de A a P - Bruno Gonçalves
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O PS, de A a P

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13.12.2023

O Partido Socialista, de Mário Soares a António Costa e de António Costa a Pedro Nuno Santos tem uma característica fundamental e basilar: a do humanismo transformador.

Quando Tito de Morais, Mário Soares e tantos outros socialistas formaram o Partido Socialista, da clandestinidade à luz das ruas cheias de apoiantes, tinham para si a convicção de que uma democracia parlamentar e uma economia capaz de proteger quem mais precisa, em que o pragmatismo do Estado não se esconderia na falta de ambição, transformariam Portugal num país mais justo, mais livre e mais igual para todos.

Desde aí, para o Partido Socialista, a luta não se faz nem nunca se fez contra as instituições. É nelas, consagradas pela Constituição da República Portuguesa, que se sustentam os pilares de um povo livre das amarras sentenciadoras da ditadura. A luta faz-se por uma democracia pluralista e por........

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