A continuidade no cargo de chefe do governo nacional espanhol, o socialista Pedro Sánchez, depende de um acordo com o partido independentista da Catalunha de Carles Puigdemont, exilado na Bélgica. Esse acordo já avançou e já recuou, mostrando as suas fragilidades.

Será P. Sánchez um ardente partidário da independência da Catalunha? Não, ele até há pouco - até à derrota eleitoral do seu partido, o PSOE, em maio de 2023 - não era. Mas depois dessa derrota precisa dos votos dos independentistas catalães para ter no parlamento espanhol uma maioria que leve à sua confirmação como Presidente do Governo (primeiro ministro).

Puigdemont encontra-se refugiado na Bélgica desde 2017, fugindo às sanções por ter nessa altura proclamado ilegalmente a independência da Catalunha, que considera ser “oprimida” pelo Estado espanhol. É, assim, o mais radical dos independentistas catalães.

Mas a maioria da população da Catalunha não é atualmente partidária da independência. Sondagens entre fevereiro de 2015 e março de 2019 davam uma ligeira maioria na Catalunha favorável à independência; mas a última sondagem, de novembro do ano passado, indicava que 52% dos inquiridos se diziam contra a independência, e apenas 41% se diziam favoráveis.

Não se pode, assim, dizer que a opção da independência assenta numa grande vaga de opinião dos catalães. Só que Sánchez não está empenhado na independência da Catalunha, o que ele tenta é continuar a governar Espanha, depois do PSOE ter perdido muitos votos. Ora a maneira como ele tenta concretizar esse objetivo é extremamente perigosa, pois se arrisca a quebrar a unidade de Espanha.

Tudo isto tem frequentemente transformado o debate público espanhol numa violenta troca de insultos, enquanto tarda a estabilidade governamental.

QOSHE - ​Catalunha e Espanha - Francisco Sarsfield Cabral
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​Catalunha e Espanha

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07.02.2024

A continuidade no cargo de chefe do governo nacional espanhol, o socialista Pedro Sánchez, depende de um acordo com o partido independentista da Catalunha de Carles Puigdemont, exilado na Bélgica. Esse acordo já avançou e já recuou, mostrando as suas fragilidades.

Será P. Sánchez um ardente partidário da independência da Catalunha? Não, ele até há pouco - até à derrota eleitoral do seu partido, o PSOE, em maio de 2023 - não era. Mas........

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