O segundo aniversário da invasão russa da Ucrânia, no sábado passado, passou sem grandes comemorações.

No dia 24 a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deslocou-se a Kiev, assim como os chefes de governo da Itália, Bélgica e Canadá. Do outro lado encontrava-se Sergei Shoigu, ministro da defesa da Federação Russa, celebrando a recente vitória militar russa na Ucrânia.

Entre nós, os debates da pré-campanha eleitoral ignoraram a guerra da Ucrânia. Já os “media” fizeram balanços de dois anos de guerra.

A frente de batalha, uma linha de cerca de mil quilómetros de extensão, parece estável. Mas acontece que, do lado da Ucrânia, desapareceu o otimismo sobre a evolução militar do conflito. A contraofensiva ucraniana de 2023 não logrou qualquer recuperação significativa de território. Agora, os militares ucranianos debatem-se com uma drástica escassez de armas e munições. Resta-lhes tentarem não perder muito terreno.

Os europeus e os americanos têm falhado nas suas entregas à Ucrânia de meios militares para fazer recuar os invasores russos. Os países europeus falharam sobretudo no envio de munições, obrigando os ucranianos a poupanças dramáticas, pelo maior risco de morte para eles que tal representa. A ajuda dos Estados Unidos está encalhada, muito por efeito das posições de Trump, que manda no partido republicano e coloca acima de tudo o que for politicamente conveniente para si.

A possibilidade de Trump voltar à Casa Branca, depois de vencer as eleições presidenciais de novembro próximo, é encarada com satisfação por Putin, que vê aí a sua melhor hipótese de vencer uma guerra que ele próprio desencadeou.

E até na Polónia, que há dois anos se colocou com entusiasmo ao lado da Ucrânia, vemos agricultores mobilizando-se para impedirem a entrada de cereais ucranianos.

O chamado Ocidente parece ter desistido de apoiar eficazmente a Ucrânia e ter-se resignado a uma vitória de Putin, de consequências provavelmente trágicas para a segurança europeia. É urgente que nos empenhemos numa viragem da opinião pública, exigindo que não se deixe cair a Ucrânia.

QOSHE - ​Um aniversário triste - Francisco Sarsfield Cabral
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

​Um aniversário triste

9 1
26.02.2024

O segundo aniversário da invasão russa da Ucrânia, no sábado passado, passou sem grandes comemorações.

No dia 24 a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deslocou-se a Kiev, assim como os chefes de governo da Itália, Bélgica e Canadá. Do outro lado encontrava-se Sergei Shoigu, ministro da defesa da Federação Russa, celebrando a recente vitória militar russa na Ucrânia.

Entre nós, os debates da pré-campanha eleitoral ignoraram a guerra da Ucrânia. Já os “media” fizeram balanços de dois anos........

© Renascença


Get it on Google Play