O preço dos combustíveis (gasolina e gasóleo) tem variado com frequência. Seria mais cómodo para nós, consumidores, que esses preços fossem mais estáveis. Poderia imaginar-se, por exemplo, que no princípio de cada ano o Estado fixaria um determinado preço para a gasolina e outro para o gasóleo, que se manteriam durante longos meses.

Quem, então, suportaria as variações de preço no “crude”, petróleo bruto, além da evolução dos preços dos produtos refinados? Seria o Estado, ou seja, seriam os contribuintes, fossem ou não consumidores de combustíveis. O que não seria justo.

Refiro a volatilidade dos preços do petróleo bruto e dos produtos refinados porque essa volatilidade se está a agravar. Por motivos ambientais, o petróleo como fonte de energia está condenado – mas ninguém sabe ao certo em que data tal acontecerá definitivamente.

Daqui até lá, muitas e variadas apostas podem ser e serão feitas, sobretudo entre os produtores de petróleo. Devem eles investir em tornar operacionais novos poços de “crude”? Tais investimentos demoram anos a dar frutos; por isso não é certo que, quando tal acontecer, se mantenha a atual forte procura de petróleo. Caindo os preços, a rentabilidade do negócio petrolífero afunda-se.

Alguns produtores estão disponíveis para arriscar tudo até ao último minuto e à última gota de petróleo; outros, mais prudentes, abandonam a extração de “crude” – tudo isto leva a fortes oscilações de preços nos mercados petrolíferos. A indispensável transição energética, para mais energias renováveis, obriga a moderar a procura de petróleo, mas quando e como serão mesmo abandonados os combustíveis fósseis?

Claro muita coisa aconteceu no mercado petrolífero mundial ao longo das últimas décadas. Recordemos algumas mudanças.

Foram realizados enormes progressos na eficácia da utilização de petróleo; por exemplo, entre 1980 e 2022 caiu para cerca de metade a quantidade de petróleo necessário para produzir a mesma quantidade de PIB. Os EUA voltaram a ser os maiores produtores e exportadores mundiais de petróleo. As grandes empresas petrolíferas investem fortemente em energias renováveis, prevenindo o futuro. Os carros movidos a eletricidade e dispensando o petróleo são cada vez mais preponderantes no mercado automóvel. A OPEP já não tem a força que teve; hoje a Arábia Saudita e a Rússia cortam a sua produção para que os preços não baixem. Etc.

O grau de incerteza é, porém, muito maior hoje do que foi no passado, mesmo durante crises. Temos que estar preparados para essa turbulência.

QOSHE - Aumenta a volatilidade no mercado petrolífero - Francisco Sarsfield Cabral
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Aumenta a volatilidade no mercado petrolífero

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22.03.2024

O preço dos combustíveis (gasolina e gasóleo) tem variado com frequência. Seria mais cómodo para nós, consumidores, que esses preços fossem mais estáveis. Poderia imaginar-se, por exemplo, que no princípio de cada ano o Estado fixaria um determinado preço para a gasolina e outro para o gasóleo, que se manteriam durante longos meses.

Quem, então, suportaria as variações de preço no “crude”, petróleo bruto, além da evolução dos preços dos produtos refinados? Seria o Estado, ou seja, seriam os contribuintes, fossem ou não consumidores de combustíveis. O que não seria justo.

Refiro a volatilidade dos preços do petróleo........

© Renascença


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