O grupo Folha, da família Frias, bem que tenta se esconder sob o manto da imparcialidade, mas basta um apito do fascismo para tirar o véu de "democrata" e se colocar a desserviço do Brasil.

Em editorial de 2009, para atacar o "caudilho venezuelano" Hugo Chávez - que tirou o petróleo do país do controle das trans do sistema financeiro -, a Folha classificou como "Ditabranda" o "caso do Brasil entre 1964 e 1985".

Só em 2018, já no advento do bolsonarismo, o manual de redação da Folha anunciou que permitiria a seus jornalistas usar "a expressão ditadura militar" para designar "o regime que vigorou no Brasil de 1964 a 1985".

Na edição anterior, de 2001, a família Frias orientava seus tutelados que "em textos noticiosos, pode-se [e aqui é importante frisar a possibilidade] usar a expressão ditadura militar para designar o regime que vigorou no Brasil de 1964 a 1985".

Antes disso, o Manual de Redação proibia o uso da expressão ditadura militar "para designar o movimento militar" ocorrido no Brasil.

Não por acaso, o termo - "movimento" - é usado pelas viúvas da Ditadura e saudosistas da tortura, como Jair Bolsonaro (PL), seu clã e a ultradireita fascista que embarcou na sua aventura autoritária de levar o Brasil de volta ao passado.

Jornalistas da Folha - e de todos os outros veículos não alinhados - foram alvos frequentes de deboches, achaques e ameaças do ex-presidente. O caso mais emblemático foi com Patrícia Campos Mello, a quem Bolsonaro vomitou toda sua misoginia dizendo que a repórter "queria dar o furo a qualquer preço".

O insulto sexista foi propagado por sua horda nas redes de ódio junto com todo tipo de crime e de mentira, o que fez com que a Justiça derrubasse centenas de perfis na rede X, de Elon Musk, e no Facebook e Instagram, de Mark Zuckerberg.

No entanto, passados pouco mais de um ano de uma nova tentativa de golpe de Estado, a Folha dá mostra que sente saudades da Ditabranda e municia o discurso vitimista articulado pelo clã Bolsonaro junto à internacional fascista, que tem no bilionário Elon Musk seu neoguru.

Em novo editorial no último domingo (14), a família Frias, que deu amparo à perseguição e à censura militar durante a Ditadura, usou as denúncias vazias do chamado Twitter Files Brazil - que nada têm de jornalismo investigativo - para lamber as botas do bilionário Elon Musk, dono da Rede X.

No editorial "Censura promovida por Moraes tem de acabar", a Folha repete Musk, que classificou Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como "Ditador brutal", ao dizer que o ministro é o "Grande Censor" - assim mesmo, com caixa alta - ao dizer que não se sabe (!!!) quais foram os motivos das derrubadas de perfis nas redes sociais.

Talvez, se os Frias perguntassem a Patrícia Campos Mello saberiam ao menos um dos diversos crimes que motivaram a derrubada dos perfis.

Durante a semana, o Uol, do grupo, demitiu quatro grandes jornalistas: Adriano Wilkson, Marie Declercq, Ivan Marsiglia e Marcos Candido.

Nos bastidores, as demissões são associadas a uma nova postura editorial do grupo, que penderia mais à direita em movimento com o recrudescimento do fascismo no mundo.

Ao Portal dos Jornalistas, o grupo Folha diz que "não há nenhuma mudança de linha editorial nem redução de equipe" e que o "UOL continua com o mesmo compromisso de produzir reportagens de impacto”, num conceito bem amplo e sem compromisso, sequer, com a verdade factual. Quiçá com a democracia.

Nesta sexta-feira (19), às vésperas de um novo ato convocado por Bolsonaro para inflamar ainda mais a horda de apoiadores com os ataques de Elon Musk e de parlamentares trumpistas ao STF e à democracia, a Folha publica uma manchete canalha, municiando a narrativa do ex-presidente e seus asseclas pelo mundo.

"Moraes derrubou perfis a pedido de órgão chefiado por ele no TSE, mostra relatório", diz a chamada do jornal sobre um dos documentos vazios propagados pela escumalha fascista na rede do bilionário.

Assim como as denúncias dos "jornalistas investigativos" de Musk, o texto não tem nada de jornalismo. Muito menos de investigativo.

Após a chamada sensacionalista, o próprio texto afirma que "a chamada Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação foi criada na gestão do ministro Edson Fachin, em 2022. O delegado da Polícia Federal José Fernando Chuy foi escolhido para comandar o setor".

"O órgão detém a atribuição de monitoramento das redes sociais, identificava publicações 'irregulares' e encaminhava os casos para Moraes avaliar e, então, determinar a retirada do ar 'com urgência'", explica.

Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Moraes recebia as denúncias do delegado da PF sobre supostos crimes nas redes e determinava a retirada do ar com celeridade. Assim como foi prometido pela Justiça Eleitoral para evitar que o discurso de ódio e as fake news se pulverizassem durante o processo eleitoral, causando danos irreversíveis.

A Folha cita o caso de uma publicação nas redes do próprio Uol, que foi derrubada e revertida após ter sido contestada judicialmente pela família Frias. E que segue no ar até hoje. A derrubada de publicações e de perfis nunca impediu o rito processual, como ocorre em uma Ditadura de verda - ou mesmo na Ditabranda defendida pela Folha.

Nos tempos atuais, a criação de um órgão especial pela Justiça Eleitoral para monitorar as fake news e crimes nas redes sociais é uma obrigação para se garantir a lisura do processo eleitoral e a democracia. Ou a família Frias, que deu guarida ao Sistema Nacional de Informação, o SNI, acha que não?

A reportagem, assim como a "investigação" dos "jornalistas" de Musk e Bolsonaro, é propaganda para incendiar a horda fascista.

Tanto, que foi prontamente usada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que articula a internacional fascista em torno dos interesses do clã, nas redes sociais.

"Quem poderia imaginar? Será que ele[Moraes] pode também combinar o jogo com a PF e os delegados de sempre pedirem prisões e ele enquanto juiz autorizá-las?", especulou o filho de Bolsonaro sobre o balão de ensaio da Folha na rede X, de Elon Musk.

A Folha não está à serviço do Brasil, como proclama. Tampouco, o que faz não é jornalismo.

É saudade da Ditabranda. Não é família Frias?

Em tempo: Enquanto esse artigo estava sendo produzido, a Folha soltou, na rede de Musk, uma "errata" para corrigir uma informação que estava na própria "reportagem".

"ERRAMOS | A Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE foi criada por Edson Fachin, não por Alexandre de Moraes, como afirmado em versão anterior desta reportagem".

Como diria o saudoso Chaves, do seriado mexicano: "foi sem querer, querendo". Agora, "seo" Frias, o estrago já está feito. A Folha vai derrubar a publicação, que se propagou na horda bolsonarista, nas redes?

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Saudades da Ditabranda: Folha municia narrativa de Eduardo Bolsonaro para atacar STF

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19.04.2024

O grupo Folha, da família Frias, bem que tenta se esconder sob o manto da imparcialidade, mas basta um apito do fascismo para tirar o véu de "democrata" e se colocar a desserviço do Brasil.

Em editorial de 2009, para atacar o "caudilho venezuelano" Hugo Chávez - que tirou o petróleo do país do controle das trans do sistema financeiro -, a Folha classificou como "Ditabranda" o "caso do Brasil entre 1964 e 1985".

Só em 2018, já no advento do bolsonarismo, o manual de redação da Folha anunciou que permitiria a seus jornalistas usar "a expressão ditadura militar" para designar "o regime que vigorou no Brasil de 1964 a 1985".

Na edição anterior, de 2001, a família Frias orientava seus tutelados que "em textos noticiosos, pode-se [e aqui é importante frisar a possibilidade] usar a expressão ditadura militar para designar o regime que vigorou no Brasil de 1964 a 1985".

Antes disso, o Manual de Redação proibia o uso da expressão ditadura militar "para designar o movimento militar" ocorrido no Brasil.

Não por acaso, o termo - "movimento" - é usado pelas viúvas da Ditadura e saudosistas da tortura, como Jair Bolsonaro (PL), seu clã e a ultradireita fascista que embarcou na sua aventura autoritária de levar o Brasil de volta ao passado.

Jornalistas da Folha - e de todos os outros veículos não alinhados - foram alvos frequentes de deboches, achaques e ameaças do ex-presidente. O caso mais emblemático foi com Patrícia Campos Mello, a quem Bolsonaro vomitou toda sua misoginia dizendo que a repórter "queria dar o furo a qualquer preço".

O insulto sexista foi propagado por sua horda nas redes de ódio junto com todo tipo de crime e de mentira, o que fez com que a Justiça derrubasse centenas........

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