Há muitos anos que conhecemos a importância das cantinas para milhares de crianças que têm na escola a única refeição quente do seu dia. Manter o serviço durante as férias tem tido particular impacto social e aguarda-se agora que os alunos do primeiro escalão da ação social possam também tomar gratuitamente o pequeno-almoço na escola. A medida já tinha sido negociada em 2017, mas acabou por ficar pelo caminho. Volta agora ao Orçamento do Estado de 2024, pela mão da bancada parlamentar socialista.
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Diversos estudos têm vindo a demonstrar a relação direta entre a alimentação e o sucesso escolar. Crianças e jovens com carências alimentares apresentam mais dificuldades de concentração e assimilação de conhecimentos. São inúmeros os fatores, dentro da escola e fora dela, que contribuem para que os alunos carenciados estejam sempre em desvantagem no que diz respeito aos resultados.
Muito mais do que um estabelecimento onde se dão aulas e se despacham objetivos curriculares, a escola é (e deverá ser cada vez mais) um espaço de segurança para muitas crianças e jovens em risco, desempenhando um papel importante na deteção e combate a situações de violência, pobreza, solidão e desigualdade. Deve ser uma primeira linha de apoio na luta contra a pobreza, de formação para a solidariedade e para a inclusão, de efetiva transmissão de valores sólidos que contribuam para uma cidadania ativa.
Por maior que seja a instabilidade, o foco das políticas públicas tem de manter-se no reforço das respostas sociais. Os decisores têm a responsabilidade de tornar melhor a vida de quem governam. Até porque a melhoria efetiva das condições de vida é a forma mais eficaz de combater os extremismos e populismos. De estômago e mãos vazias, qualquer pessoa se sente tentada a entregar-se a quem vende ilusões e promete soluções fáceis.
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