Penso que é bastante consensual a ideia de que a justiça entrou pela política dentro e fez nascer uma crise de que, verdadeiramente, não sabemos as consequências. O resultado desta crise política foi a antecipação das eleições e daí pode resultar um período de grande instabilidade com eleições de seis em seis meses, como teme o Presidente da República. Acresce que vamos para eleições com um primeiro-ministro sob suspeita e o processo "Influencer" revela muitas fragilidades.
Ouça aqui o comentário de Paulo Baldaia
Dito isto, o melhor teria sido a justiça ficar quieta? Claro que não, mas o Ministério Público não pode ser dispensado de escrutínio, nem está isento de crítica. Da mesma maneira, ninguém deve ser proibido de expressar a sua opinião sobre o processo, a atuação dos procuradores ou os tempos da justiça. Era o que faltava que não se pudesse dizer nada sobre uma investigação que troca Costa por Costa e Silva, que confunde portarias ou fala de uma reunião no Rato que nunca aconteceu. O Ministério Público não está obrigado a ter razão em tudo para que se considere legitima a sua ação, mas também não se pode ignorar que viu o juiz de instrução negar-lhe razão nas suas principais teses.
Há uma diferença entre utilizar a residência oficial do primeiro-ministro para responder à justiça e dar uma entrevista à RTP e também é verdade que António Costa foi meiguinho com a justiça, enquanto que Santos Silva foi duro. A consequência no Parlamento foi a mesma, os partidos da oposição fizeram fila para criticar o PS por pretender interferir na justiça. Comer e calar, nestas circunstâncias, é por si só ir a eleições em desvantagem. Parte da oposição pretende fazer deste caso de justiça o tema central da campanha eleitoral, mas quer o PS calado.
A uns e a outros deve ser recordado que o soberano é o povo e o povo troca bem a novela da justiça por um debate sobre as propostas para tornar o país mais habitável. A habitação, a saúde, a escola, os salários baixos, a ausência de perspetivas de futuro para as gerações mais novas, o presente envenenado que é ter cada vez mais tempo de vida com cada vez menos qualidade, são muitos os problemas para resolver.
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Sobre a justiça, o povo tem opinião formada e sabe que a política ferve em pouca água quando o tema é este. A campanha já começou, infelizmente, vai durar quatro meses.
A política ferve em pouca água
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17.11.2023
Penso que é bastante consensual a ideia de que a justiça entrou pela política dentro e fez nascer uma crise de que, verdadeiramente, não sabemos as consequências. O resultado desta crise política foi a antecipação das eleições e daí pode resultar um período de grande instabilidade com eleições de seis em seis meses, como teme o Presidente da República. Acresce que vamos para eleições com um primeiro-ministro sob suspeita e o processo "Influencer" revela muitas fragilidades.
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Dito isto, o melhor teria sido a justiça ficar quieta? Claro que não, mas o........
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