O jornalismo nacional passou a semana, como um cão atrás da cauda, a tentar ter a confirmação da confirmação de que tinha sido António Costa a sugerir a Marcelo Rebelo de Sousa que chamasse a Procuradora-geral da República a Belém, para explicar a dimensão do processo "Influencer". A notícia dada pelo Expresso nesse sentido, no dia 10, e não desmentida, e a confirmação de viva voz, primeiro pelo Presidente e depois pelo conselheiro de Estado Lobo Xavier, não chegam para dar o caso por encerrado e a informação como certa.

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De igual forma, a sugestão de que a ideia de colocar no comunicado o último parágrafo pode ter sido sugerida pelo Presidente da República, ou mesmo ter sido ele a escrevê-lo, não morreu com a notícia de que a autora se chama Lucília Gago e pode não morrer memo depois da exaltação da procuradora: "pelo amor de Deus"! Sobre a notícia ouvimos António Costa dizer que ela levantava mais dúvidas do que esclarecia e um seu ex-colaborador muito próximo insinuar mesmo que o célebre último parágrafo podia ter sido escrito em Belém.

Este spin chegou às redações no final da semana passada e foi ele que fez surgir a informação de que era a procuradora a responsável pelo parágrafo e levou o Presidente a confirmar que Lucília Gago tinha sido chamada por sugestão do primeiro-ministro. A tese da cabala presidencial com ajuda do Ministério Público não pegou, mas faz caminho. Enquanto andamos, há mais de uma semana, a discutir o que comprovadamente não aconteceu, deixamos de discutir o essencial.

E o essencial não é o processo que se espera ande rápido, sobretudo para de lá retirar quem não deve lá estar. O essencial é que, com crime ou sem crime, em 2023, os negócios que envolvem o Estado continuam a fazer-se por amiguismo, gestão de influências e cunhas de toda a espécie.

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Parabéns a quem criou este spin. Por certo, a intenção não era provar o que se sabe ser falso, mas tirar o país de uma discussão que atrapalhava. Está a dar resultado.

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Como um cão a correr à volta da cauda

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24.11.2023

O jornalismo nacional passou a semana, como um cão atrás da cauda, a tentar ter a confirmação da confirmação de que tinha sido António Costa a sugerir a Marcelo Rebelo de Sousa que chamasse a Procuradora-geral da República a Belém, para explicar a dimensão do processo "Influencer". A notícia dada pelo Expresso nesse sentido, no dia 10, e não desmentida, e a confirmação de viva voz, primeiro pelo Presidente e depois pelo conselheiro de Estado Lobo Xavier, não chegam para dar o caso por encerrado e a informação como........

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