O que fica da discussão na generalidade do Orçamento do Estado é pouco mais do que a escolha de António Costa para encerrar esse debate. A opção por João Galamba, o ramo morto, que o Presidente da República queria podado para não infetar todo o governo, era uma opção arriscada, até porque a mais recente polémica entre palácios envolve a TAP, tutelada pelo ministro das Infraestruturas. Era arriscada, mas podia ter resultado. Bastava que houvesse seriedade no propósito e competência na arte de governar.

Ouça aqui o comentário de Paulo Baldaia

Teria sido surpreendente ver Galamba, por exemplo, apresentar uma visão do que deve ser o país nas áreas que tutela, em vez de desfiar promessas de investimento que raramente se concretizam. Basta pensar nos 50 anos que levamos de promessas de um novo aeroporto. Com menos ambição, mas ainda assim com alguma utilidade, teria sido interessante que o primeiro-ministro aproveitasse a oportunidade para deixar que fosse Galamba a sossegar Marcelo (e todo o restante país) sobre a transparência que a partir de agora passaria a ser garantida no processo de privatização da TAP. Não tendo sido por nenhuma destas razões, significa que foi por uma razão mais comezinha.

Quem acompanhou a intervenção do ministro das Infraestruturas, a encerrar o debate na generalidade sobre as contas do Estado, ouviu uma série de banalidades, apimentada por ataques à direita e à esquerda. Em relação ao que disse sobre a Esquerda é de fazer corar o político João Galamba do tempo dos "jovens turcos". O destinatário daquele discurso, é claro, nem sequer estava sequer naquele Palácio, mas bem mais perto do rio, em Belém.

A confirmação de que o país vive uma relação entre palácios presa por arames, vítima de um total desrespeito pelas instituições e da política feita "ad hominem", estava no sorrizinho vitorioso do ministro Galamba quando citou o Presidente (que não o quer ver nem pintado) para elogiar o orçamento. Imaginar a conversa entre Costa e Galamba, depois daquele despropósito, não é que faça perder a fé na Humanidade - para isso, estão aí as guerras -, mas faz aumentar a minha convicção de que Marcelo está morto. Politicamente falando, é claro. Como Zombie que está, o Presidente andará sempre tentado a provar que está vivo. À mínima oportunidade, dissolverá o Parlamento e convocará eleições antecipadas. A alternativa é terminar como o Presidente mais irrelevante da Democracia.

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Uma brincadeira de miúdos

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03.11.2023

O que fica da discussão na generalidade do Orçamento do Estado é pouco mais do que a escolha de António Costa para encerrar esse debate. A opção por João Galamba, o ramo morto, que o Presidente da República queria podado para não infetar todo o governo, era uma opção arriscada, até porque a mais recente polémica entre palácios envolve a TAP, tutelada pelo ministro das Infraestruturas. Era arriscada, mas podia ter resultado. Bastava que houvesse seriedade no propósito e competência na arte de governar.

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Teria sido surpreendente ver Galamba, por exemplo, apresentar uma visão do........

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