No dia da tomada de posse do novo presidente da Assembleia da República (PAR), André Ventura fez um discurso tuteando o primeiro-ministro e Augusto Santos Silva. Ninguém ligou grande coisa, afinal há coisas bem mais importantes, não é? Há sempre coisas mais importantes até que entendamos a importância daquilo que desprezamos. O que ali ficou bem demonstrado foi uma estratégia e uma tática.

Comecemos pela última. Aquele tratamento por tu foi uma provocação. O objetivo era fazer com que o PAR fizesse o que devia ter feito: admoestar Ventura pelo desrespeito de regras básicas de formalidade institucional. Dessa forma poderia vitimizar-se e dizer que estava a ser atacado pelo novo representante do sistema, também conhecido por democracia. Chamar-lhe o novo Santos Silva seria o passo a seguir. Como o líder e restante bancada do Chega vão insistir nos insultos, no desrespeito, nos apartes chocarreiros e na criação de balbúrdia, será inevitável uma tomada de posição do PAR. Assumindo, claro está, que Aguiar-Branco não vai colaborar e ser corresponsável por uma ainda maior degradação do ambiente na casa da democracia. O ataque ao novo PAR ainda vai ser mais violento do que foi ao último. A razão é simples: Ventura vai querer torná-lo o símbolo do que ele chama a coligação PS/PSD e também dessa forma criar a imagem de que o Chega é a única oposição.

QOSHE - Não nos podemos tornar reféns do caos - Pedro Marques Lopes
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Não nos podemos tornar reféns do caos

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04.04.2024

No dia da tomada de posse do novo presidente da Assembleia da República (PAR), André Ventura fez um discurso tuteando o primeiro-ministro e Augusto Santos Silva. Ninguém ligou grande coisa, afinal há coisas bem mais importantes, não é? Há sempre coisas mais importantes até que entendamos a importância daquilo que desprezamos. O que ali........

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